quarta-feira, 30 de abril de 2008

Groove Amada

É hoje !
Tem GA em São Paulo !
Para os migrantes velhinhos como eu, Groove Armada, Chemical Brothers e Massive Attack são a Santíssima Trindade da música eletrônica.
Fatboy era nosso pastor e batida não nos faltava !

terça-feira, 29 de abril de 2008

Quem Tem Amigos Tem ...


Tudo.
Inclusive informação.
Na dúvida sobre a grafia de um cartão-postal de São Paulo ...
[Sim] [Aqui viadutos são cartões postais]
... um amigo de trabalho decidiu me ajudar e foi conferir in loco como, afinal, se escreve Viaduto Santa E/I/f/ph/i/g/ê/n/i/a.
E lá foi mestre Renatinho Prado [quem é sangue-bom se liga no som], câmera fotográfica em punho, à dita locação.
Essa cidade é de enlouquecer.
Tem grafia pra tudo que é gosto.
Aqui são apenas quatro delas.

Mecânicos Do Barulho

A foto é de Troy Cryder para a Nasa.
A rapaziada dando duro aí é a galera que rala nos bastidores das missões da Discovery.
No momento preparam o Orbiter Transport System que vai ajudar a nave em mais uma missão para o Kibo.

O laboratório do além que os japoneses vão implantar na Estação Espacial Internacional.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Brooks Range

A quem interessar possa.
A temperatura média de inverno no interior do Alaska aumentou 7 graus Farenheit dos anos 50 pra cá.
Os glaciares estão encolhendo.
O gelo ártico está mais fino.
Mas a Brooks Range continua lá.
A isolar Barrow do mundo.

domingo, 27 de abril de 2008

Não É O Hugh Jackman ...

Mas, sim, é um Wolverine !
Não.
Não está vivo.
Este aí vive empalhado no hall de um hotel em Anchorage.

Barrow Blues

sábado, 26 de abril de 2008

História Sem Fim

Para terminar, o último capítulo escrito da série que acabou ficando apenas uma trilogia.
Quem sabe um dia eu termino de escrevê-la.
Até porque como vocês vão reparar, a série, que era para contar uma viagem ao Alaska, acabou justamente quando eu finalmente ia desembarcar em Anchorage.
Tsk, tsk, tsk.
Fiasco total.
Mas um dia eu retomo.
Assim como espero retornar ao fim de Barrow deste ano.
Preciso contar o dia em que saímos correndo atrás de um urso no meio da cidade.
Coisas do North Slope.


UMA CARIOCA NO ALASKA [MAIO / 2007]
Capítulo 3 => DALLAS => ANCHORAGE


Se um dia você desembarcar num aeroporto do tamanho de Manhattan, seja bem vindo, você chegou a Dallas.
Sempre acho que aeroportos têm personalidade.
Deve ser coisa de quem viaja muito.
Sou capaz de ficar horas falando sobre o de Bangkok, sobre o meu favorito, o de Dubai , o de Maldivas, Heathrow e muitos outros.
Mas o de Dallas me impressiona pelo Skylink.
Skylink é o maior skytrain de aeroporto do mundo.
Na prática, um mini e lento trenzinho à la Epcot Center que percorre os terminais (A-B-C-D-E) por cima deles.
Leva um tempo dar uma volta inteira e eu, desconhecendo o tamanho do aeroporto, quase me atraso para o vôo que me levará de Dallas a Anchorage, no Alaska.
Quando finalmente chego ao portão de embarque do vôo inconscientemente começo a analisar quem serão meus companheiros de assentos.
Afinal, que tipo de gente vai pro Alaska ?
Primeira surpresa, pouquíssimos turistas.
Tudo bem que não é exatamente a alta temporada americana mas não vejo mochileiros, suíços, dinarmaqueses, finlandeses, suecos, os viajantes profissionais com quem sempre encontro nestes destinos ‘natureza selvagem’.
Meu vôo – lotado - é composto basicamente por gente com cara de quem mora ou tem parente em Anchorage, que muita gente acha que é a capital do Alaska, mas é apenas a maior cidade do estado.
Pra gente ir logo entendendo que tipo de lugar é o Alaska, informo:
O estado inteiro – maior que 18 países – tem uns 600 mil habitantes. E Anchorage reúne uns 300 mil.
O resto é puro wilderness.

Pois eis que, de repente, aparece no lounge de embarque um militar de uniforme camuflado.
Logo surgem dois, opa, mais um, outro, e quando vejo estou rodeada por uma tropa.
Devem ser, penso eu, militares rumo à alguma base que os americanos devem manter vigiando o vai-e-vem no Estreito de Bering, prática-resquício da distante Guerra Fria.
Mas algumas coisas nos soldados me chamam atenção.
Primeiro as botas.
Uau, que botas incríveis, aflora meu lado fashionista.
São bege clarinho, de uma cor que eu jamais imaginei num uniforme militar, muito menos americano.
Lindas, taí, iam fazer sucesso na São Paulo Fashion Week como talento expresso de algum estilista moderno tentando - como numa recente edição - misturar duas coisas distintas, como África e o movimento punk. Socorro.
Depois das botas – que realmente adorei – presto atenção num ursinho, aqueles bem teddy bear, confortavelmente encaixado num bolso de rede à mostra na mochila que vai às costas de um soldado.
Acho fofo.
Cai a ficha que soldados também têm coração.
Presente da namorada ou de alguma irmã caçula, imagino.
E, entre ursinhos e botas, o mais curioso: a cor do uniforme.
Pela primeira vez vi um uniforme camuflado tão claro.
Não há verde nele como nos nossos uniformes brazucas de selva.
Seriam os camuflados americanos diferentes ?
Hum, acho que não, corrijo o pensamento.
Camuflado bege com manchinhas cinzas não duraria um dia sequer no punk Vietnã.
Começo, então, a perceber que o Alaska tem cores diferentes do resto do mundo.
Seria clara pra se disfarçar na neve ou quem sabe na tundra ?
É que a essa altura da viagem eu ainda não conhecia as cores do círculo polar, o que só se pode saber, acreditem-me, depois de botar os pés lá.

O vôo é tranquilo.
Saindo de Dallas, vejo pela última vez os prédios de aço, depois fazendas, os grandes campos americanos, matematica e cartesianamente rasgados no chão.
Ao sobrevoarmos o Canadá, a aeromoça faz uma piadinha e diz que teremos que apresentar nosso passaporte.
E não é que eu quase caio ?
Sei lá, pós 9/11 não acho mais nada absurdo na segurança de vôos e aeroportos.
Muito menos alguém pedir passaporte em pleno espaço aéreo.

Do Canadá em diante fico mesmerizada com a paisagem.
E a neve.
Gosto de neve.
A primeira vez que vi, por incrível que pareça, foi no norte da Flórida, em Gainesville.
Uma neve ralinha que se dissolvia ao cair nas calçadas cinzas.
Neve pesada mesmo só fui ver muitos anos depois no Monte Everest, o qual decidi conhecer graças a um jornalista, Jon Krakauer, autor de um dos livros que mais me influenciaram na hora de contar uma história, Into Thin Air.
Quem já leu algum livro do Krakauer sabe bem.
Pois foi graças ao jornalista-escritor que passei a conhecer e, mais tarde, amar o gelo.
Movida pela curisosidade de entender um mundo à parte da minha realidade globetrotter de paraísos tropicais, em maio de 98, fiz um trekking até o acampamento-base do Everest.
Lá fiquei cara-a-cara com uma das paisagens mais incríveis que alguém pode observar.
A geleira do Khumbu.
A 5.200m – após ter subido os 5.600m do Khala Patar no dia anterior – eu estava debilitada o suficiente pra não conseguir chegar até os gigantescos blocos de gelo.
Acima de 5000m o ar é pra lá de rarefeito.
Só temos 50% do oxigênio que temos aqui embaixo pra respirar.
A letargia é permanente.
A percepção completamente alterada.
Mas não esqueço nunca o que vi.
O glaciar é lindo.
Atravessá-lo inesquecível.
E olhar a geleira deixa alguma coisa gravada entre a retina e a alma.
Depois do Khumbu, continuei, ao longo dos anos, chegando perto do gelo.
Subi o Kilimanjaro, desembarquei de salto alto – juro – no Athabasca Glacier canadense, sobrevoei as Dolomitas, na Europa, a caminho de Veneza.
E - isso também deve contar ponto - encarei nevascas em Nova York de deixar a Broadway silenciosa.
Pois é, mas, ainda assim, com todo esse currículo de carioca no gelo, confesso, não estava preparada para o Alaska.
Um beijo,
Guta

Lost - 4x9

Ueba.
Lost voltou.
'The Shape of Things to Come' é legal.
Só me espanta quantas balas tem a arma do Sawyer.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Capítulo Dois

Ainda no espírito 'Recordar É Viver' ...
segue aqui o capítulo 2 da saga ao Alaska em maio de 2007.

UMA CARIOCA NO ALASKA
Capítulo 2 => DALLAS

Escrevo de Fairbanks.
Estou em escala de uma hora dentro de um avião da Alaska Airlines a caminho de Barrow.
Do alto não consegui ver a cidade direito.
O aeroporto, que é de cimento mas lembra um grande container horizontal, não parece tão grande quanto o de Anchorage.
Também não deve ser muito acolhedor.
A aeromoça disse que quem quisesse até podia descer, era só mostrar o boarding pass na volta.
Mas ninguém se animou.
Por conta disso, eu também não.
É que estou começando a conhecer o povo do Alaska.
E estou gostando.
Aqui o importante é apenas o essencial.
E isso é bom.
Portanto se meus companheiros de vôo não desceram é porque no fundo não deve mesmo haver nada de importante pra se fazer no aeroporto de Fairbanks.
Prefiro ficar no avião e continuar blogando a viagem.
Está me fazendo bem dividir as impressões com vocês.
Em 24 horas, saí do Brasil após um dia exaustivo de correria, cartório, engarrafamento na 9 de julho, obra no apartamento, demandas no trabalho, prestação de contas, táxi quebrado na Marginal Tietê, embarque no GRU com fome, louras de Miami, detenção na imigração e chegada ao curioso mundo de Dallas, onde só estive antes uma vez, em janeiro de 1990, quando atravessei o sul dos EUA de ônibus.
Vista de baixo, Dallas é uma coisa.
Do alto parece outra cidade.
Me lembro, na tal viagem, de ter ficado muito impressionada com os prédios com mais de cem andares espelhados em vidro.
Da janela do ônibus eles pareciam ameaçadores e a única coisa que me vinha à cabeça era a música de abertura do seriado em que aprendi a amar meu primeiro vilão, J.R., o simpático marido da Jeannie – a geniazinha.
Dezessete anos depois, da janela do avião, os prédios parecem apenas ridículos.
Monstrengos de aço e vidro reunidos em downtown.
Nenhuma personalidade.
Não que a cidade me pareça freak.
Deve ter algum desafio morar num lugar plano, onde ao longe se avistam coisas esquisitas.
Dallas é reta, esparramada.
Tudo é longe e distante ligado apenas por longas avenues e roads.
Desembarco no terminal D, um lugar colorido. cheio de lojas, letreiros e lugares pra comer tipo Friday’s, incluindo o próprio.
São cinco horas de escala e estou bem cansada.
Mas não desisto do plano inicial de ir até a Apple Store da cidade comprar meus gadgets.
Pego um táxi e vou até o North Park.
Se as cidades americanas têm sempre um mall gigante, imaginem Dallas.
O North Park é tão grande que nem o motorista local sabe onde me deixar.
Fico na entrada da Victoria’s Secret.
Como já tinha estudado as directions no Brasil, não me incomodo.
E, em caso de dúvida, lá está o mapa do shopping à minha frente.
A bolsa está pesada e eu me arrasto – afinal já são mais de 30 horas de atividades – mas sei que basta procurar a Neiman Marcus que eu acho a loja.
Acostumada às Apple Stores de NY, acho a de Dallas até pequena.
Sei lá, no Texas, sempre acho que tudo vai ser gigante, ostensivo.
Mas a loja é normal, nem das maiores nem das menores do shopping.
Os geniuses são os mesmos, mas me chama a atenção eles não serem tão robóticos quantos os colegas new yorkers.
Há até entre eles uma mulher na meia-idade.
Cool, penso eu, no Texas pra ser wiz-kid-computer não precisa ser nerd-clichê.
No caixa, os atendentes são simpáticos e elogiam uma foto da Bahia que levo América acima no meu velho MacBook.
Arrebato as sonhadas comprinhas e saio me arrastando pelo mall, com mais peso ainda.
Não é lá muito inteligente fazer compras de viagem antes de ir pro Alaska, mas apesar de ter prevista na volta uma escala de 12 horas na mesma Dallas, decido comprar tudo logo com medo de depois não ter ânimo pra encarar a ‘sacolagem’.
O shopping gigante não me entusiasma.
As lojas de sempre, Neiman, Nordstrom, Abercrombie & Fitch, Fossil, Diesel.
Entro apenas na Macy’s pra comprar um creme que esqueci no banheiro do aeroporto de Miami.
Uma Macy’s vazia numa tarde de terça-feira é sempre triste.
Grandes lojas de departamento só fazem sentido cheias.
Imagine andar por uma Bloomingdale’s às moscas.
Já me aconteceu, em NY, por conta da ressaca pós Black Friday + o pouso da águia da economia americana.
Dá até medo.
Parece aqueles filmes em que você se imagina trancado sozinho no museu à noite.
Talvez por isso as moças do balcão da Estée Lauder me atendem com uma simpatia tão esfuziante que enche um pouco o saco.
Não tem o creme que quero, mas as duas fazem um jogral tão insuportável que eu aceito um de outro tipo só pra poder sair dali correndo.
Pra aumentar ainda mais o peso da minha sacola ganho uma gift bag com mais tranqueira pra botar no saco que zipa tudo na segurança dos tantos aeroportos que ainda terei de encarar.
Mas foi no balcão da Macy’s que entendi o poder da palavra A-l-a-s-k-a.
Acreditem-me, é um nome mágico, forte e poderoso.
Faz qualquer pessoa te olhar, finalmente, com atenção.
Experimente um dia dizer pra alguém em tom casual, ‘Estou indo pro Alaska’.
Pronto, subitamente os olhos das pessoas brilham como se elas estivessem frente alguém que, puxa vida, pelo menos um de nós vai realizar algum sonho.
Foi o que aconteceu com todo o balcão da Macy’s.
As moças do jogral me perguntaram se eu era de Dallas.
Pergunta ligeiramente estúpida, penso eu agora, porque se eu fosse de lá mesmo por que diabos estaria com uma bolsa de viagem tão grande.
Implicância minha ?
Não sei, vai ver eu estava irritada de cansaço, jet lag e peso.
Vai ver estando já há algumas horas no Alaska, onde escrevo este texto, já incorporei o modus operandi do não-percamos-tempo-com-o-que-não-é-realmente-útil.
Sei que quando respondi que ia pro Alaska, vi bocas pintadas de vermelho se abrirem no tradicional ‘Oh, wow’.
As moças ficaram mais simpáticas ainda e eu decido sair correndo da loja pra ainda tentar achar uma de cameras fotográficas.
Ninguém sabe dizer uma.
Entro até num estúdio fotográfico e ninguém consegue dizer.
Incrível, penso eu, estão todos os dias num shopping mas não sabem o que tem lá.
O grupo que me dá atenção no estúdio é de texanos típicos.
Simpáticos profissionais.
Fingem que estão realmente empenhados em me ajudar mas, who cares, o problema é meu, não deles.
Devo estar irritada mesmo, por que noto ou invento da minha cabeça um certo ar de desdém da parte deles.
Enfim, desisto de achar a tal loja e peço um taxi de volta ao DFW.
O motorista vê meu jeito despachado e quer puxar conversa.
Pergunta de onde sou, respondo que do Brasil, e ele começa com a tradicional conversa, ‘puxa, adoro o Brasil’.
Mas é que estou cansada demais, só digo ‘nice’ e volto ao earphone do Ipod - aparato fantástico pra alguém dizer ‘me deixe só’.
Uma pena, adoraria saber as histórias de um cab driver texano.
Fica pra próxima.
Porque sempre acredito que haverá uma próxima.
O primeiro passo é querer.
Um beijo,
Guta





quinta-feira, 24 de abril de 2008

Alaska Blues

A terra tremia aqui embaixo e eu voando lá em cima.
Ainda não sei como farei para contar os últimos dias do Alaska.
Tenho um monte de fotos para blogar.
Mas cadê tempo ?
Aos poucos pretendo ir postando as histórias.
O Mac Halibut que inventamos em Anchorage.
O Starbucks de Seattle.
E como fazer zilhares de coisas em apenas duas horas e meia em Nova Iorque.

Hoje, não sei se foi o banzo do gelo ou o blues do frio mas bateu uma puta vontade de reler o que escrevi sobre o Alaska ano passado.
Foram textos publicados na coluna que mantive durante um tempo no site da Mauren Motta.
Dividi a viagem em capítulos.
Mas nunca passei do terceiro.
Com isso abandonei meu mais fiel leitor.
O pai da Mauren.
Foi uma vergonha.
Imagine se propor a blogar uma viagem ao Alaska e a série nunca chegar lá.
Pois foi o que aconteceu.
Um pouco assim como agora quando o tempo que tem outro tempo me impediu de blogar os últimos dias abaixo de zero.
Mas como os amigos já sabem, linear eu nunca fui [rs].
Por isso com vocês alguns trechinhos da viagem do ano passado à mesma e incrível Barrow.

UMA CARIOCA NO ALASKA [MAIO / 2007]

Capítulo 1 – GRU => Miami => Dallas

Em falta com o site desde janeiro, prometo a Mauren que vou blogar do Alaska.
Não sei se vou conseguir manter a promessa.
Viagens, no meu caso, têm sempre um mood imprevisível.
Ás vezes sou metódica e consigo digerir todas as infos.
Ás vezes entro num modus operandi letárgico que me tira toda e qualquer disposição.
Mas aqui estou num vôo da American Airlines entre Miami e Dallas.
Lá embaixo vejo uma Miami como nunca vi antes, sem sand beaches nem keys, e esparsas palm trees.
É, virando à esquerda, Miami tem mesmo outra cara.
Depois de alguns condos & pools, uma salina, e depois só fazendas e fazendas, Alabama, talvez, e finalmente o azul do Golfo.
Ao meu lado dorme um carinha, acho que israelense.
Tem toda a cara, bermuda cargo desfiada e Birkenstock nos pés, de quem está dando uma voltinha pelo mundo antes de cumprir com suas obrigações perante a sociedade.
Dorme pesado o viajante israelense.
Assim que o piloto libera, me levanto pra ir ao banheiro mas quem disse que consigo acordar o cara pra pedir licença.
Chamo baixinho, chamo mais alto, bato com jeitinho na perna dele, cutuco o ombro já com um pouco de força e tudo que consigo é virar atração nas poltronas ao redor.
Uns passageiros riem, outros desviam o olhar constrangidos, e apenas dois são simpáticos.
E o pior é que o cara não acorda mesmo.
Decido, então, pular por cima dele e, surpresa, um americano na meia-idade, gentilmente, estende a mão pra que eu consiga saltar o meio metro de pernas israelenses que me separa do corredor.
Surpresa mesmo.
Quem conhece bem os americanos sabe o quanto tocar em estranhos é difícil pra eles.
Eu nem precisava da mão amiga mas, acostumada ao excuuuse me e ao não-me-toque-em-hipótese-alguma new yorker, achei o gesto tão inesperadamente gentil que fiz questão de me apoiar nele.
Sei não, deve ser porque nesta viagem leio Tuesdays With Morrie.
Sim, eu leio Mitch Albom.
E gosto !
Amo The Five People You Meet in Heaven.
Aprendi a gostar de best-sellers sem desdém com minha amiga jornalista e chefinha brilhante, Denise Cunha.
Em Nova York, Denise me apresentou a Nicholas Sparks e passei a entender um pouco mais sobre o poder das histórias de amor.
Por isso é que hoje em dia entro sem a menor vergonha nas livrarias do saber e compro Mitch Albom sem um pingo de constrangimento.
Tuesdays With Morrie vendeu mais de 10 milhões de livros no mundo todo.
Desde 97 se manteve semanas e semanas best-seller do NYT.
No Brasil se chama A Última Grande Lição – O Sentido da Vida.
Pra ser sincera, gosto mais de The Five People mas leio Tuesdays com carinho.
Sim, lembra auto-ajuda.
Até porque no Brasil Albom é publicado pela Sextante.
Mas gosto do texto de frases curtas, sempre o lead, do jornalista Albom.
Nem ligo muito pro escândalo da coluna repetida.
Sou fã de autores de best-sellers.
Sempre quero saber como e onde é que eles fisgam o coração das pessoas.
E Mitch, com seu texto forjado no mundo de aço do esporte americano, me impressiona.
Tuesdays é sobre os ensinamentos de vida de um velho professor à beira da morte, Morrie.
Foi atração nacional americana em três programas do brilhante Ted Koppel à frente do saudoso Nightline, da ABC.
Não me identifico muito com Morrie, mas sim com as angústias do jovem aprendiz, o Albom em pessoa.
De qualquer forma, Morrie me cativa com a cultura da gentileza.
Deve ser por isso que achei tão estranho um americano me estender a mão.
Mas o engraçado mesmo foi ler Tuesdays na temida sala da imigração americana.
É que nesta viagem estreei na famosa salinha.
Fui levada pra lá com, diga-se a verdade, toda gentileza, por um agente do IRS, graças a dois vistos do Paquistão e um do governo talibã do Afeganistão num velho passaporte onde ainda persiste meu visa americano até 2010.
Sempre achei que um dia estes vistos islâmicos iam me causar problema.
Pois hoje causaram.
Estive nestes países a trabalho em 2000, quando o mundo ainda seguia outra lógica, diferente da pós 9/11.
Desde então sempre me espanta o fato de nunca ter sido parada na imigração americana.
Sim porque, pra completar, no mesmo passaporte tenho ainda vistos do Quênia e da Tanzânia, países onde Bin Laden explodiu embaixadas americanas e eu fui a passeio, subir o Kilimanjaro.
E vai explicar tudo isso pra um oficial cuja função diária é desconfiar.
Até então da tal salinha só tinha o relato de dois amigos, Aninha Kessler, colunista aqui do site, e do Lobo, um brasileiro querido com a alma e a vida divididas entre EUA e Brasília.
Mas, confesso, a experiência não foi nada demais.
Ninguém foi grosseiro, muito pelo contrário.
O jovem oficial que analisou meu passaporte parecia até constrangido em desconfiar de uma moça tão distinta quanto eu.
Sim, porque quando viajo sou educadíssima.
Estando em terra dos outros, faço questão de obedecer regras sem reclamação ou deboche.
Acho deselegante e o cúmulo do provincianismo.
O tal oficial me pareceu até sinceramente aliviado quando, ao me pedir algo que provasse que sou jornalista, mostrei meu crachá de trabalho.
Mesmo assim, jornalista ou não, me conduziu à tal salinha, onde ouvi meu black Ipod e li Tuesdays, sem stress.
Depois de uma meia hora de espera, fui liberada.
Nas palavras de outro oficial, desta vez um hispânico, ‘no suspect evidences agains me.
Que bom !
Fico feliz dos americanos não considerarem suspeita uma jornalista latina cheia de vistos no passaporte.
Me perguntaram se eu já tinha sido detida antes por causa dos vistos.
Tinha sido não.
E olha que quando viajei logo após o 11 de setembro com esse mesmo passaporte carimbado, achei que a imigração de Houston ia me criar problemas.
Puro preconceito contra os texanos.
Segui em dezembro de 2001 para um divertidíssimo reveillon na Califórnia, tendo apenas, como todo mundo, que tirar o sapato.
Em Nova York também, onde estive inúmeras vezes com esse mesmo documento, nunca me pararam.
Primeira vez em Miami.
Não consigo deixar de pensar que os agente de Miami não são tão acostumados a jornalistas globe-trotters como a rapaziada descolada do JFK, onde passaporte carimbado de visto com letras esquisitas é tomate.
Preconceito ?
Humm … talvez.
Miami é diferente mesmo.
Pra começar na cor dos cabelos das brasileiras que se fazem habituée por lá.
Reparei isso no avião.
Todas as brasileiras com ar de ‘sou tão Miami’ estavam com o cabelo da mesma cor, um louro abeeerto, que grita ‘sou loura’.
Não sei explicar mas é um louro diferente do Louro-Daslu, do Louro-Mauro Freire ou do Louro-NY.
É o Louro-Miami (rs).
Algumas, claro, não fugiam ao clichê ‘emergente-grosseria’.
Uma até sacudiu uma bolsa na minha cara.
Bom, enfim, cada um tem as louras que merece.
Porque, no vôo, enquanto eu observava as nuances dos cabelos das mulheres na classe econômica, na primeira classe, principescamente instalado, Ibook no colo, ia outro amigo pra lá de querido, Zeca Camargo.
Adoro o Zeca.
Somos amigos de plantões Fantásticos, quando, entre as mazelas brasileiras de domingo, falávamos sobre o fato de Palau não ficar na Bahia e dividíamos o sonho de um dia conhecer o Yemen.
Zeca é globe-trotter profissional, amigo capaz de rir horas junto com você dissertando sobre a beleza – e a falta dela também – das aeromoças iemenitas que víamos nos guias de viagem.
Talvez, por isso, a única coisa que tenha me deixado chateada em ficar com passaporte confiscado na famigerada salinha da imigração foi não poder ficar mais tempo jogando conversa fora com o Zeca, que tinha conexão pra Chicago.
Liberada, lá vou eu fazer hora no Terminal D.
Alívio, o aeroporto de Miami, pelo menos nessa área, não tem mais aquela decoração roxa.
Quem foi a Disney nos anos 80, talvez se lembre.
Não sei se foi porque foi minha primeira viagem internacional, aos 14 anos, mas o roxo que até então o Miami Intl Airport exibia nos carpetes me traumatizou.
Sempre lembrava dele como o aeroporto mais brega do mundo.
Bom, injustiça, talvez.
Fato é que voltei a Miami algumas vezes.
Cheguei até a pegar um furacão, o Irene, quando fiquei sem comida, com quarto inundado e sessão de Imax esvaziada pela Defesa Civil.
Mas nada me traumatizou mais do que um aeroporto roxo, todo roxo.
Thanks Lord, passou.
Ainda há banheiros cor-de-rosa.
Mas é um cor-de-rosa clarinho.
Nada Barbie.
Só que não consigo deixar de pensar em quanto Miami é diferente ao procurar bagel pra um café-da-manhã de reforço.
Acostumada às bagels new yorkers, não consigo não estranhar as bagels de Miami.
Uma Asia Bacon Sunrise com eggs, bacon e swiss cheese não me lembra bagel.
Muito menos a Miami Surprise Sunrise com egg, bacon, sausage with american cheese.
Não acho graça e me bate uma enorme saudade da minha bagel de sempre, a raisins bagel, da Barnes & Noble do Lincoln Center.
É sempre assim.
Quanto mais viajo pelos Estados Unidos, mais sinto saudade de Nova York.
Sem a menor vontade de comer bacon numa bagel, decido, meio sem saco, enfrentar a maior de todas as filas, a do Starbucks.
Olho pra todos aqueles nomes que conheço tão bem e cada um me lembra um amigo.
Pecan pie me lembra o Lobo.
Bagel me lembra a Mariana Lemann, o David e a Heloísa Villela, a quem até hoje devo uma explicação convincente do por que pra mim bagel é feminina. Um dia acho, Helô !
Crumble me lembra outra Mariana, a gauchíssima Becker, minha amiga crumble-maker !
Pra beber, um tall latte, meu café favorito no Suplicy, no Lincoln Center ou na caliente Miami.
Latte me lembra novamente a Denise Cunha, que sempre me encomendava um latte cheio de exigências tipo mocca, skin-milk etc na Third Avenue.
É, acho que até o Alaska ainda vou lembrar muito de muita coisa.
Ainda tenho uma hora pela frente no ar até Dallas.
De lá cinco horas de conexão e rumo a Anchorage.
Amanhã sigo pra Barrow, onde vou a trabalho, mas com um objetivo pessoal.
Aprender como se resgata o passado sem deixá-lo pra trás e seguir em frente de modo diferente – e feliz.
Um beijo a todos,
Guta

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Salve Jorge !

Onde A Terra Treme

4 vôos.
2 dias de viagem.
2 noites dormidas em cadeira de avião.
Tudo isso pra chegar e descobrir que minha casa tremeu !

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Onde O Vento Faz A Curva

Nascida carioca não demorou mais que alguns meses para minha mãe me levar para engatinhar nas areias de Copacabana.
Oceano Atlântico.
Aos 14 anos conheci Bahamas, o que significou botar meus pezinhos pela primeira vez no Caribe.
Só aos 21 conheci o Oceano Pacífico, quando morei em San Diego, Califórnia.
Aos 24 anos aprendi a mergulhar de garrafa.
Daí foi a festa.
Saí mergulhando por vários mares e oceanos.
E bota vários nisso.
São tantos que de cabeça, rapidamente, não consigo lembrar de todos.
No Atlântico, perdi a conta de quantas vezes mergulhei em Fernando de Noronha, entre muitos outros divesites brazucas.
Também já mergulhei no Blue Hole, descoberto por Jacques Costeau, em Belize.
Me lembro de ótimos mergulhos em Los Roques, na Venezuela.
No Pacífico, alguns dos mais incríveis foram em Galápagos, na linha do Equador.
Aliás, o Pacífico tem os maiores golfinhos que já vi na vida.
Deixam os de Noronha parecendo golfinho de criança.
Também me lembro com emoção do primeiro mergulho no Oceano Índico, Maldivas.
O Índico, acreditem-me, é de um azul índigo.
E mergulho aqui, mergulho ali, lá fui eu desbravando os sete mares.
Ilhas Fiji, Tailândia, um pezinho aqui, outro acolá.
Já conheci muitos lugares, mas sei que ainda tenho muitos mares pela frente.
O Oceano Ártico eu já conhecia.
Foi a primeira coisa que fiz quando cheguei a Barrow em maio do ano passado.
Andar até o mar.
Claro que aqui não dá para botar os pezinhos na água.
Não nessa época do ano quando o gelo do continente se une ao gelo do oceano e tudo vira uma placa só daqui da minha janela até o Pólo Norte.
Mas este longo post de reminiscências submarinas é porque foi agora nesta viagem que cheguei a um lugar onde jamais havia sonhado pisar.
Exatamente onde dois mares se encontram.
Chukchi Sea e o Beaufort Sea.
Oceano Ártico.
É onde daqui pra frente vou mandar me procurarem quando não quiser ser encontrada.

A Quem Interessar Possa

Jantei um halibut no Arctic Pizza !

Utqiagvik

É Barrow em Iñupiaq.
Língua falada pelos esquimós que aqui vivem.
Dizem que a palavra kayak, usada no inglês e incorporada ao nosso léxico como caiaque, surgiu do Iñupiaq.
Em breve vou contar - e postar aqui uma foto - do que Utqiagvik significa.

domingo, 20 de abril de 2008

Humpf

Alegria de carioca dura pouco em Barrow.
O sábado não será de praia.
Neste momento está 13 graus abaixo de zero.
E quando o vento bate é impiedoso.
23 abaixo de zero.

Menu Do Dia

Juro dizer a verdade.
Somente a verdade.
Nada mais que a verdade.
Hoje tomei café-da-manhã num restaurante mexicano.
Comi 3 panquecas com syrup.
Deliciosas.
American Style.
Sim.
Comi panquecas num restaurante mexicano na cidade americana mais próxima do Pólo Norte.
Depois do café dando, como se diz na minha terra, um rolé pela cidade, encontramos Charlie Brower, um esquimó baleeiro gente boa que me ofereceu morsa.
Tentei comer um pedaço mas era morsa crua.
Estendida no chão no meio da neve.
Recusei.
Polidamente.
Porém meu dedo ficou cheirando a morsa crua o dia inteiro.
Alguém aí já cutucou uma morsa morta, crua e deixada para secar salgada na neve na porta de casa durante uns 8 meses ?
Acredite-me.
É um cheiro inesquecível.
Impregnou minha luva.
Não.
Não vou jogá-la fora.
Sim.
Devo levá-la na próxima viagem a Nova Iorque.
Aliás vou passar por Anchorage, Seattle e Newark com ela.
Se vou conseguir entrar no Brasil com uma luva cheirando a morsa ?
Não sei.
Talvez a Vigilância Sanitária a recolha na Alfândega.
Ah, não tem Vigilância Sanitária na nossa Alfândega ?
Hum.
Veremos.
Mas continuando com minha viagem pelo que há de melhor na gastronomia do Círculo Polar Ártico, adentrei um dos três supermercados da cidade.
Sim.
Barrow é uma cidade grande.
Temos três supermercados.
Comprei apple juice pra tomar com Snickers.
King Size.
O Snickers, não o suco.
Meus amigos disseram que o carro passou a cheirar a chocolate e amendoim.
Respondi que antes cheiro de chocolate com amendoim do que cheiro de morsa.
Concordaram.
Depois conheci a Jeanna.
Uma esquimó incrível.
Super gente boa.
Ela estava cozinhando foca para levar para uma festa no centro cultural da cidade.
Não me fiz de rogada.
Pedi para experimentar.
Adorei.
Segundo o Marcelo, que me acompanhou na degustação, parece com a carne de panela do jeito que cozinhamos no Brasil.
Apenas acrescente no gosto sal marinho.
Muito sal marinho.
Afinal é uma foca, certo ?
Tem que ser salgada com gosto de água do mar.
Também comemos a gordurinha.
Gordurinha de foca é uma delícia.
Com pimenta-do-reino então ... nham nham.
Virei fã.
Há uns dois dias - esqueci de contar - comemos maktak.
Carne de baleia.
Num molho de óleo de foca.
Mas não se deixe enganar, avisa Daniel, um esquimó descolado.
O óleo tem que ser de foca.
Não aceite imitações.
Maktak é bom.
Mas ainda prefiro unalik, a gordurinha de baleia que comi aqui em Barrow no ano passado e que nunca esqueci.
Mas voltando ao dia de hoje, à noite, pra encerrar, jantamos num japonês da cidade.
Tempura.
Sushi.
Amanhã vamos ao Arctic Pizza.
Aguardem.

sábado, 19 de abril de 2008

É Primavera ... Trago Esta Rosaaaa ...

Enfim, é primavera em Barrow.
Depois de pegar 37 abaixo de zero, folgo em saber que hoje a mínima será de - 10 C.
Neste momento a felicidade é total.
Apenas 4 abaixo de zero.
Ontem já começei com as carioquices.
Saí de cabelo mo-lha-do, fiquei outdoor um bom tempo sem luvas e sem casaco.
Hoje, sei lá.
Deve dar pra botar biquíni e sair de bunny boots.
Brincadeirinha, gente.
Mas vejam se não é pra ter delírios.
Da minha janela vejo o Pólo Norte Geográfico.
Sim, isso mesmo.
Aquele pontinho do meio do pólo.
O centro do centro.
Não esqueçam que estou 330 milhas ACIMA do Círculo Polar Ártico.
E a 1.311 milhas do Pólo Norte.
Os esquimós estão felizes.
Comemoram a primavera.
E eu também.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Deus Seja Louvado

Porque só ele mesmo para fazer a temperatura subir.
Ontem bati novamente meu recorde.
37 abaixo de zero.
Mas hoje, aleluia, subiu enlouquecedoramente.
Neste momento está ótimo.
Apenas 18 abaixo de zero.
Vai esfriar, claro.
Mas a mínima não passa de - 28 C.
Um luxo.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ponto De Vista

Se você algum dia na vida já reclamou de que seu carro demorou pra pegar, não se sinta só.
Esse motorista de Barrow também vai penar.

Global Warming

É.
O aquecimento global está mesmo a todo vapor.
Porque palmeiras no Alaska só mesmo com o fim dos tempos.
Rs.
Depois explico como estas palmeirinhas foram parar aí.
Só pra reforçar.
Hoje elas estão a balançar a 34 abaixo de zero.

Fazendo As Contas

Me ajudem a pensar.
Se hoje, este lindo dia de primavera no Alaska, a temperatura foi de 22 abaixo de zero e a sensação térmica foi de - 34 C, amanhã de quanto será a sensação térmica já que vai fazer 27 abaixo de zero ?

terça-feira, 15 de abril de 2008

Trinta e Quatro Abaixo de Zero

Sim.
Cheguei onde queria.
Minha cidade favorita no mundo.
Barrow.
Nesta terça de primavera, os esquimós estão felizes.
Comemoram a ótima temperatura.
Vinte e dois abaixo de zero.
Com o vento, que vem do pólo aqui pertinho, trinta e quatro abaixo de zero.
Meu recorde.
Yupiii.

sábado, 12 de abril de 2008

O Dia Está Lindo

Ainda que oito abaixo de zero.
É Anchorage na primavera.

Alegria De Terceiro Mundo

Dura pouco.
O Hulu travou meu computador.
Fui dormir sem ver nada.
Bah.

Amanhã ...

Além de ser um novo dia, será:
* 1 dia após um dos maiores jet lags de minha vida aérea [Kathmandu em 98 é o recordista]
* 1 dia com máxima de 0 C e mínima de - 9 C.
* 1 dia para comprar bunny boots !

Em Anchorage ...

Vinte horas e vinte e nove minutos.
Ok, não é uma foto exatamente à altura da beleza da cidade.
Quando der blogo as do Marcelo, companheiro de viagem, muito melhor fotógrafo que eu.
Mas é só pra mostrar o quanto a noite é clara. Poxa.

Ah Sim

Não custa nada prevenir.
Aqui estamos cinco, cinco horinhas, atrás de vocês !

Vivo Por Que ?

Claro que a Vivo não funciona em Anchorage.
Ano passado funcionou até o Texas.
Uma glória.
Mas não é que o Nextel funciona que é uma beleza ?
Já falei com o Sandrinho, com a Lia, com a Naka, com a Isabela.
E sem delay.
Não é incrível ?

Vamos Organizar

Os posts do Alaska serão arquivados aqui ao lado à esquerda na retranca Migrante Abaixo De Zero - Abril 08

Huluing - Yupi !

Finalmente em território americano, consegui acessar o Hulu !
Re re.
Tô rindo de boba.
A primeira coisa que eu fiz ?
Psssss, não contem a ninguém.
Fui ver se tinha o S4E1 de Battlestar Galactica.
Gulp.

Twitting A Dois Graus Abaixo De Zero

Sim, faz sol.
É sete da noite e o sol está a pino.
Faz -2o C.
E eu já enfiei o pé na neve.
O hotel é wireless.
Já sei onde fica a Mac Store daqui.
Duvida ?
4240 Old Seward Hwy # 9.
Amanhã abre das 10h às 19h.
Aqui não tem taxa, la-ra-ri la-ra-rá.
Mas o vidão vai acabar.
Se eu não conseguir blogar estarei updating o mood no Facebook [lá é guta nascimento mesmo] e twittando sempre que possível.
No twitter procure por migrante digital.
Beijocas da Neve !

sexta-feira, 11 de abril de 2008

24 Hrs - Non Stop

Enfim, o Alaska !
24 hrs de viagem.
Fidel, me aguarde ...
GRU => NEWARK => SEATTLE TACOMA => ANCHORAGE.
E cá estou eu.
E claro que a primeira coisa a fazer foi pedir uma Clam Chowder.
Já está virando uma tradição.
Bem, quer dizer, na verdade é apenas a segunda vez que eu chego ao Alaska e peço Clam Chowder.
Mas espero que se torne uma tradição.
Primeiro porque amo Clam Chowder.
E segundo porque sou apaixonada pelo Alaska.

Guess What ?

Newark !
Blogo do terminal doméstico de Newark, em New Jersey.
Não riam.
Acabo de voar umas 9 horas.
Já perdi e já achei bagagem.
Já tive que conversar sobre global warming com um oficial da imigração americana.
Já tive que esperar um vôo inteiro vindo da Índia passar na minha frente na imigração.
Já enfrentei fila no banheiro.
Uma louca gritando no security check-in.
Já tive que tirar as botas.
E ainda não são nem 8 da manhã !
Here We Go !
Beijos.

terça-feira, 8 de abril de 2008

domingo, 6 de abril de 2008

Há Tempos - V

Deu no Science quinta-feira passada.
Já existiam americanos há mais de 14 mil anos.
Bem, isto significa 1000 anos antes do que se pensava.
Até então se achava que os mais antigos moradores do continente, os Clovis [não riam, é este o nome da tal sociedade], tinham vivido alguma coisa entre 13.200 e 12.900 anos lá atrás.
Mas agora surgiram uns fósseis de fezes [bleargh] numa caverna do Oregon.
São de parentes de uma galera que vivia na Sibéria e no Sudeste Asiático.
Todo mundo tem quase certeza de que os primeiros americanos chegaram da Ásia via uma ponta de terra entre a Sibéria e o Alaska numa época mais quentinha.
E como na caverna das fezes não foram achados muitos artefatos, os pesquisadores acreditam que esta turma tenha ficado por ali apenas alguns dias antes de se mudar.
Talvez tenham ido atrás de animais.
Ou foram procurar outro tipo de comida.
Vai saber.
O cocô petrificado nos dá uma noção da dieta alimentar da moçada.
Ossinhos de esquilo, pêlo de bisão, escama de peixe, proteína de pássaros e cachorros [chineses, quem sabe ?] e resíduos de plantas como capim e girassóis.
O cocô mais antigo é de 14.340 anos atrás.
A caverna se chama Paisley.
Para saber mais acesse Sciencemag.org

Charlton Heston - 1923-2008

sábado, 5 de abril de 2008

O Retrato De Dorian Gray

Na foto do Hubble ela parece jovem, muito jovem.
Resplandece com a explosão de novas estrelas.
Mas é só aparência.
No fundo ela é uma galáxia tão velha quanto as outras.
Suas estrelas podem chegar a ter 10 bilhões de anos.

Junho Pra Que Te Quero

Se o Bank of America estiver correto o iPhone 3G chega ao mercado em junho.
Yabadabadu !

Fofocas ... Pra Que Te Quero ...

Lendo meus tidbits diários de fofoca na grande imprensa brasileira, fico sabendo que:
* Maria Rita e Eliana levaram gelo na cabeça no show do Seal.
* O Pânico comprou ingresso para um mendigo assistir à estréia de Os Produtores no Rio. O mendigo foi expulso.
* Pitty divulga nota oficial que está grávida mas só fala sobre seu trabalho.
* Hans Donner acha a abertura da novela ´Esperança´ a pior de todas ...
* Astrid Fontenelle vai ser repórter da Hebe em matérias no exterior.
* Um site quer saber até quando Adriane Galisteu vai aguentar ficar solteira.
Basta, não ?

Haroldo & O Tibete

Reproduzo abaixo mensagem de Haroldo Castro aos amigos e leitores com a visão de quem está no olho-do-furacão.
Vocês acompanharam, nessas semanas, os protestos tibetanos para que seus direitos humanos sejam reconhecidos na sua própria terra natal, o Tibete.
Meu post de um dos protestos em Kathmandu foi muitíssimo visitado, com dezenas de comentários.
Fiquei muito chocado com a prisão dos manifestantes e, em especial, de Ngulchu Tulku.
Para aqueles que leram o post, Ngulchu é a encarnação do tutor do 10º Panchen Lama, a segunda autoridade espiritual do Tibete.
Dois dias depois, consegui encontrar Ngulchu, no bairro tibetano de Bouda.
Ele já havia sido solto novamente.
Tive uma excelente conversa com ele, confirmei várias informações, fiz perguntas sobre a segunda geração de tibetanos e questionei suas posições.
O resultado foi uma matéria bem diferente das que tenho escrito ultimamente.
Graças à abertura e visão dos editores da EPOCA, a entrevista foi publicada na edição de hoje da revista.
É uma perspectiva mais humana dos protestos, focalizando o exemplo de um jovem líder.
Solicitei que a matéria fosse “aberta” na edição online (apenas duas ficam abertas ao público) e os diretores aceitaram abrir uma exceção.
A matéria chama-se “A segunda geração do ativismo tibetano”.
Eis o link.
Encontrei, há poucos dias, em Kathmandu, um conhecido monge francês Matthieu Ricard (que acaba de lançar um livro em português sobre a felicidade).
Ele me disse que, como estamos fora do Tibete, o que podemos fazer é falar sobre o assunto: precisamos colocar esse tema na roda de amigos, conscientizar as autoridades (de qualquer país do mundo) que o povo tibetano está passando por um genocídio cultural, usar a Internet (de forma educada e inteligente), enfim, criar um movimento para que injustiças como essas não aconteçam nos dias de hoje.
Por isso, peço a vocês que leiam a matéria nessa edição online da EPOCA, deixem seus comentários (é um importante indicador), enviem o link para amigos e façam parte desse apoio a um povo que traz, com sua filosofia, muita sabedoria para nosso mundo.
Você encontrará a tradução (em inglês) da entrevista com Ngulchu Tulku no blog Viajologia.
Abraços, Haroldo.

Obituário - Minhas Condolências Aos Grandes Jornais

Seguindo Pedro Dória no Twitter, me deparei com um link para um artigo da New Yorker.
Valeu a pena parar para ler.
B.I. [Antes da Internet] eu diria nove páginas dignas de se refletir sobre.
É o que dá se você resolver printar [imprimir no século passado].
O artigo, nas palavras do Dória, mostra ´em que o mundo está mudando entre o novo e o velho jornalismo´.
Pra mim é o melhor obituário dos últimos tempos dos grandes e paleozóicos jornais impressos.
Para ler o original clique aqui em Out of Print - The death and life of the American newspapers.
Abaixo resumo as informações que mais me chamaram atenção.
* O último jornal a ser entregue na porta de alguém será em 2043 [The Vanishing Newspaper (2004)]
* Os jornais americanos existem há aproximadamente 300 anos.
* Em 1690, Benjamin Harris conseguiu rodar apenas uma edição de seu jornal antes dele ser fechado pelas autoridades de Massachusetts. Além de falar mal da retirada de uns índios de suas aldeias ali na região, Harris ainda contou uma fofoca do Rei da França tomando umas liberdadezinhas com a mulher do Príncipe. Deu no que deu. Uma tiragem apenas.
* Depois dessa, só em 1721 os americanos viram algo parecido com o que são os jornais hoje em dia. Na Nova Inglaterra.
* Quase três séculos depois poucos são os que acreditam na sobrevivência impressa do grande jornal. As empresas jornalísticas perdem anunciantes, leitores, valor de mercado, e, em alguns casos, noção da sua missão, num ritmo não-imaginável até quatro anos atrás. Não foi a toa que há pouco tempo o discurso do editor-executivo do respeitável Times apareceu na versão on-line do Guardian com a seguinte manchete: NOT DEAD YET.
* O cheiro do fim está perto. A internet faz os jornais parecerem lentos e atrasados. E o Craiglist está acabando com o anúncio nos classificados.
* Os números também são assustadores. Nos últimos três anos os jornais americanos perderam 42% do seu valor de mercado. Poucas corporações sofreram tanto em Wall Street quando a dos jornais impressos.
* Não deve ser a toa que as poderosas famílias donas do Los Angeles Times e do Wall Street Journal venderam a maioria de suas ações. As do The New York Times, por exemplo, depencaram 54% do fim de 2004 pra cá. Um analista do Deutsche Bank decretou em fevereiro aos seus investidores: Vendam suas ações do Times.
* Nem nos EUA, nem no mundo, ninguém até agora conseguiu bolar um jeito de salvar o jornal impresso. Os jornais, claro, criaram seus websites. Mas por mais que os anúncios online cresçam, o faturamento dessa nova mídia não chega nem perto de repor as perdas em circulação e anúncios impressos.
* A reação dos donos até agora tem sido a mesma: cortar orçamento, fechar escritórios, demissões em massa, reduzir o tamanho das páginas e das colunas.
Ou seja, conseguiram tornar os jornais menores e menos interessante. O que ajuda a explicar o fato de 25% dos jornais americanos terem desaparecido de 1990 pra cá.
* Dentre os americanos que permanecem fiéis ao jornal impresso diariamente uma coisa é fato. Cada vez perdem menos tempo com ele. Menos de 15 horas por mês. Apenas 19% dos americanos de 18 a 34 anos dizem que dão pelo menos uma olhadela num jornal diário. A média de idade dos leitores americanos de jornais diz muita coisa. 55 anos pra cima.
* Desde 2004 o jornal impresso é a última mídia procurada por jovens quando querem alguma notícia.
* Numa pesquisa da Carnegie Corporation, 39% dos entrevistados com menos de 35 anos acreditam que no futuro vão usar a internet quando quiserem notícias.
* Tudo bem, sabemos que a maioria das notícias na internet são retiradas dos jornais. Mas isso não salva empregos nas redações muito menos aumenta o valor das ações na bolsa.
* Jornais e telejornais da noite foram criados para audiências em massa. A missão era trazer valores e opiniões conflituosas. Tudo, claro, com o gol da objetividade. Partindo desta premissa, muitos jornais, na ânsia de demonstrar equilíbrio e imparcialidade, proíbem seus repórteres de dar opinião publicamente, participar de passeatas, ser voluntário em campanhas eleitorais, usar bottons políticos ou colar adesivos em seus carros [Quá, Quá, Quá]. Privadamente repórteres e editores concordam que objetividade é um, digamos, ideal, um horizonte inalcançável. Mas, convém lembrar, jornalistas são membros de uma fraternidade extremamente fechada. Poucos irão admitir publicamente esta discussão. A maioria dá um enorme desconto à noção de que suas opiniões pessoais possam interferir em suas reportagens.
* Enquanto isso, a confiança dos leitores cai, cai, cai e cai.
* Um estudo recente da Sacred Heart University [nunca ouvi falar mas enfim] diz que menos de 20% dos americanos acreditam na grande maioria das reportagens da mídia. Média 27% menor do que há cinco anos.
* Menos de 1 [ai estatísticas] em cada 5 leitores acredita no que lê nos jornais. Foi o que disse o State of the News Media de 2007, do Project for Excellence in Journalism.
* A quem interessar possa, a CNN não é mais nem menos acreditada do que Fox, ABC, NBC, tanto faz.
* O jornal local é tão desacreditado quanto o NYT.
* Tem mais americano acreditando em disco voador e conspirações do 11 de setembro do que no discurso de equilíbrio e objetividade da grande imprensa.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Há Tempos - IV



Pra ser sincera eu nunca fui fã de nenhum dos dois.
Mas vários amigos Migrantes adoravam.
Em homenagem a eles - ei-los.

Há Tempos III - Aleluia - Vamos Celebrar !

terça-feira, 1 de abril de 2008

Aviso Aos Fanáticos

Digo fãs.
De Jobs.
Steve Jobs.
Já está a venda na Amazon em pre-order Inside Steve's Brain.
Sai dia 17 de abril.
$ 16.29 + taxa, frete etc
Se é bom ?
Não sei.
Mas seguem abaixo 12 itens pelos quais o lerei.
Já até encomendei.
* Inside Steve's Brain é escrito por Leander Kahney.
* Leander Kahney é editor de notícias do Wired.Com.
* Kahney é autor do blog Cult of Mac - nosso Norte Diário.
* Escreveu não só The Cult of Mac como ainda o The Cult of iPod.
* Cobre a Apple há mais de 12 anos.
* Steve Jobs não só criou a Apple, o Mac, como ainda, de sobremesa, a Pixar.
* Inventou o iPod e o iTunes.
* Me acha uma idiota para quem tem que desenvolver comandos simples, muito simples.
* Nisso tem toda razão.
* Diz que é budista e anti-materialista e produz produtos de consumo em massa em fábricas asiáticas, sei.
* Dizem que é narcisista e perfeccionista.
* Se eu fosse ele também seria.