domingo, 20 de abril de 2008

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Juro dizer a verdade.
Somente a verdade.
Nada mais que a verdade.
Hoje tomei café-da-manhã num restaurante mexicano.
Comi 3 panquecas com syrup.
Deliciosas.
American Style.
Sim.
Comi panquecas num restaurante mexicano na cidade americana mais próxima do Pólo Norte.
Depois do café dando, como se diz na minha terra, um rolé pela cidade, encontramos Charlie Brower, um esquimó baleeiro gente boa que me ofereceu morsa.
Tentei comer um pedaço mas era morsa crua.
Estendida no chão no meio da neve.
Recusei.
Polidamente.
Porém meu dedo ficou cheirando a morsa crua o dia inteiro.
Alguém aí já cutucou uma morsa morta, crua e deixada para secar salgada na neve na porta de casa durante uns 8 meses ?
Acredite-me.
É um cheiro inesquecível.
Impregnou minha luva.
Não.
Não vou jogá-la fora.
Sim.
Devo levá-la na próxima viagem a Nova Iorque.
Aliás vou passar por Anchorage, Seattle e Newark com ela.
Se vou conseguir entrar no Brasil com uma luva cheirando a morsa ?
Não sei.
Talvez a Vigilância Sanitária a recolha na Alfândega.
Ah, não tem Vigilância Sanitária na nossa Alfândega ?
Hum.
Veremos.
Mas continuando com minha viagem pelo que há de melhor na gastronomia do Círculo Polar Ártico, adentrei um dos três supermercados da cidade.
Sim.
Barrow é uma cidade grande.
Temos três supermercados.
Comprei apple juice pra tomar com Snickers.
King Size.
O Snickers, não o suco.
Meus amigos disseram que o carro passou a cheirar a chocolate e amendoim.
Respondi que antes cheiro de chocolate com amendoim do que cheiro de morsa.
Concordaram.
Depois conheci a Jeanna.
Uma esquimó incrível.
Super gente boa.
Ela estava cozinhando foca para levar para uma festa no centro cultural da cidade.
Não me fiz de rogada.
Pedi para experimentar.
Adorei.
Segundo o Marcelo, que me acompanhou na degustação, parece com a carne de panela do jeito que cozinhamos no Brasil.
Apenas acrescente no gosto sal marinho.
Muito sal marinho.
Afinal é uma foca, certo ?
Tem que ser salgada com gosto de água do mar.
Também comemos a gordurinha.
Gordurinha de foca é uma delícia.
Com pimenta-do-reino então ... nham nham.
Virei fã.
Há uns dois dias - esqueci de contar - comemos maktak.
Carne de baleia.
Num molho de óleo de foca.
Mas não se deixe enganar, avisa Daniel, um esquimó descolado.
O óleo tem que ser de foca.
Não aceite imitações.
Maktak é bom.
Mas ainda prefiro unalik, a gordurinha de baleia que comi aqui em Barrow no ano passado e que nunca esqueci.
Mas voltando ao dia de hoje, à noite, pra encerrar, jantamos num japonês da cidade.
Tempura.
Sushi.
Amanhã vamos ao Arctic Pizza.
Aguardem.

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