Seguindo Pedro Dória no Twitter, me deparei com um link para um artigo da New Yorker.
Valeu a pena parar para ler.
B.I. [Antes da Internet] eu diria nove páginas dignas de se refletir sobre.
É o que dá se você resolver printar [imprimir no século passado].
O artigo, nas palavras do Dória, mostra ´em que o mundo está mudando entre o novo e o velho jornalismo´.
Pra mim é o melhor obituário dos últimos tempos dos grandes e paleozóicos jornais impressos.
Para ler o original clique aqui em Out of Print - The death and life of the American newspapers.
Abaixo resumo as informações que mais me chamaram atenção.
* O último jornal a ser entregue na porta de alguém será em 2043 [The Vanishing Newspaper (2004)]
* Os jornais americanos existem há aproximadamente 300 anos.
* Em 1690, Benjamin Harris conseguiu rodar apenas uma edição de seu jornal antes dele ser fechado pelas autoridades de Massachusetts. Além de falar mal da retirada de uns índios de suas aldeias ali na região, Harris ainda contou uma fofoca do Rei da França tomando umas liberdadezinhas com a mulher do Príncipe. Deu no que deu. Uma tiragem apenas.
* Depois dessa, só em 1721 os americanos viram algo parecido com o que são os jornais hoje em dia. Na Nova Inglaterra.
* Quase três séculos depois poucos são os que acreditam na sobrevivência impressa do grande jornal. As empresas jornalísticas perdem anunciantes, leitores, valor de mercado, e, em alguns casos, noção da sua missão, num ritmo não-imaginável até quatro anos atrás. Não foi a toa que há pouco tempo o discurso do editor-executivo do respeitável Times apareceu na versão on-line do Guardian com a seguinte manchete: NOT DEAD YET.
* O cheiro do fim está perto. A internet faz os jornais parecerem lentos e atrasados. E o Craiglist está acabando com o anúncio nos classificados.
* Os números também são assustadores. Nos últimos três anos os jornais americanos perderam 42% do seu valor de mercado. Poucas corporações sofreram tanto em Wall Street quando a dos jornais impressos.
* Não deve ser a toa que as poderosas famílias donas do Los Angeles Times e do Wall Street Journal venderam a maioria de suas ações. As do The New York Times, por exemplo, depencaram 54% do fim de 2004 pra cá. Um analista do Deutsche Bank decretou em fevereiro aos seus investidores: Vendam suas ações do Times.
* Nem nos EUA, nem no mundo, ninguém até agora conseguiu bolar um jeito de salvar o jornal impresso. Os jornais, claro, criaram seus websites. Mas por mais que os anúncios online cresçam, o faturamento dessa nova mídia não chega nem perto de repor as perdas em circulação e anúncios impressos.
* A reação dos donos até agora tem sido a mesma: cortar orçamento, fechar escritórios, demissões em massa, reduzir o tamanho das páginas e das colunas.
Ou seja, conseguiram tornar os jornais menores e menos interessante. O que ajuda a explicar o fato de 25% dos jornais americanos terem desaparecido de 1990 pra cá.
* Dentre os americanos que permanecem fiéis ao jornal impresso diariamente uma coisa é fato. Cada vez perdem menos tempo com ele. Menos de 15 horas por mês. Apenas 19% dos americanos de 18 a 34 anos dizem que dão pelo menos uma olhadela num jornal diário. A média de idade dos leitores americanos de jornais diz muita coisa. 55 anos pra cima.
* Desde 2004 o jornal impresso é a última mídia procurada por jovens quando querem alguma notícia.
* Numa pesquisa da Carnegie Corporation, 39% dos entrevistados com menos de 35 anos acreditam que no futuro vão usar a internet quando quiserem notícias.
* Tudo bem, sabemos que a maioria das notícias na internet são retiradas dos jornais. Mas isso não salva empregos nas redações muito menos aumenta o valor das ações na bolsa.
* Jornais e telejornais da noite foram criados para audiências em massa. A missão era trazer valores e opiniões conflituosas. Tudo, claro, com o gol da objetividade. Partindo desta premissa, muitos jornais, na ânsia de demonstrar equilíbrio e imparcialidade, proíbem seus repórteres de dar opinião publicamente, participar de passeatas, ser voluntário em campanhas eleitorais, usar bottons políticos ou colar adesivos em seus carros [Quá, Quá, Quá]. Privadamente repórteres e editores concordam que objetividade é um, digamos, ideal, um horizonte inalcançável. Mas, convém lembrar, jornalistas são membros de uma fraternidade extremamente fechada. Poucos irão admitir publicamente esta discussão. A maioria dá um enorme desconto à noção de que suas opiniões pessoais possam interferir em suas reportagens.
* Enquanto isso, a confiança dos leitores cai, cai, cai e cai.
* Um estudo recente da Sacred Heart University [nunca ouvi falar mas enfim] diz que menos de 20% dos americanos acreditam na grande maioria das reportagens da mídia. Média 27% menor do que há cinco anos.
* Menos de 1 [ai estatísticas] em cada 5 leitores acredita no que lê nos jornais. Foi o que disse o State of the News Media de 2007, do Project for Excellence in Journalism.
* A quem interessar possa, a CNN não é mais nem menos acreditada do que Fox, ABC, NBC, tanto faz.
* O jornal local é tão desacreditado quanto o NYT.
* Tem mais americano acreditando em disco voador e conspirações do 11 de setembro do que no discurso de equilíbrio e objetividade da grande imprensa.
sábado, 5 de abril de 2008
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