Morreu, hoje, no Rio, aos 95 anos, Jamelão.
Meus amigos mais próximos já ouviram esta história mas não me canso de contá-la.
Quando eu nasci o sambista cantou uma música em minha homenagem.
É que ele e Candeia - sim, cresci comendo feijoada na casa do Candeia vendo Paulinho da Viola e Clara Nunes jamming clássicos do samba - eram amigos do meu pai.
Reza a lenda familiar que na longínqua noite de 25 de outubro de 1968, quando nasci, meu pai foi comemorar com os amigos num bar, no centro do Rio, onde Jamelão cantava.
E lá pelas tantas, o mestre avisa.
'Vou cantar uma música em homenagem à filha do Lauro, que nasceu hoje'.
Eu, claro, passei a vida tentando descobrir qual foi a música cantada especialmente para mim.
Meu pai dizia que nunca ia lembrar porque, afinal, estava tomando um porre de felicidade.
Minha mãe dava de ombros e só me respondia, 'Como eu vou saber ? Eu estava na maternidade'.
E nenhum dos amigos do meu pai, claro, lembrava de coisa alguma.
Muitos anos depois, uma noite, trabalhando na cobertura do Carnaval carioca na avenida, me deparo com Jamelão prestes a começar a entoar o grito de guerra de sua amada Mangueira.
Nem me atrevi a chegar perto e perguntar.
Além da fama de mal-humorado, há muitas décadas ele já não via mais meu pai.
Toda a turma da boemia havia há muito se espalhado por aí.
E acho que no fundo Jamelão também jamais lembraria de algo daquela e de muitas outras noites na sua divertida vida.
Uma pena.
sábado, 14 de junho de 2008
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Um comentário:
Guta, que história linda e delicada.
Amei.
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