Quando dois dos seus quatro jornalistas preferidos se encontram, você pára para assistir.
Bem.
Até porque dos quatro, um está morto.
Logo.
As chances estão sempre reduzidas.
Na quinta passada Charlie Rose entrevistou Tom Friedman.
Um festival de perguntas & respostas objetivas.
Um bálsamo no mar de pose em que se transformou o jornalismo contemporâneo.
Sei lá.
Vai ver que sempre foi assim.
Mas é que está difícil ver gente discutindo assuntos que prestem - com propriedade.
Charlie & Tom, pelo menos, são especialistas na área da objetividade.
Mas, claro, nem tudo é perfeito.
Não podemos esquecer que os dois são, acima de tudo, americanos.
E aí é que a vaca vai ao brejo.
Mesmo os dois sendo democratas - facilmente enquadrados na categoria extreme-left-wing - não tem jeito.
Uma vez americanos.
Sempre americanos.
Quando Tom começa a falar de como os Estados Unidos podem salvar o mundo, eu me retorço frente ao lap.
Paro.
Volto.
[graças aos deuses deixamos para trás a era do buffering]
Charlie não fica muito atrás.
Não discorda de que o mundo está à espera dos EUA para serem salvos - com a imperiosa ajuda do RIC do BRIC - Rússia, Índia e China.
Quando Thomas Friedman fala da suposta ingenuidade americana e como o otimismo americano é o que move o mundo, aí eu me levanto.
Dou pause.
Inspiro & expiro.
Volto.
Dois minutos à frente.
‘There’s nothing else like us’.
Sem comentários.
E quando chega a hora e a vez do Iraque aí é que a vaca realmente se atola no brejo.
Porque eu e Tom NUNCA vamos chegar a um acordo sobre a Guerra do Iraque.
Foi um rompimento em nossas vidas e sempre será.
Sem chance.
E assim vão se passando os 54:16 minutos de entrevista.
E por que será que, apesar de discordar tanto, a gente não pára de assistir?
É que a coisa anda tão feia no jornalismo que mesmo que você não concorde, você respeita.
Quando dois bons jornalistas páram pra conversar, não tem jeito.
A gente pára para assistir.
A entrevista na íntegra está no CharlieRose.Com
domingo, 14 de dezembro de 2008
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