domingo, 30 de março de 2008

Há Tempos - II

Todos nós já previmos algum dia, em algum momento, em alguma conversa, o potencial de danos que a internet poderia causar quando usada negativamente.
Mas o que vocês vão ler aqui a partir de agora ultrapassa qualquer limite.
Há uma semana hackers atacaram - fisicamente - pessoas epiléticas pelo computador.
Como ?
Hackeando o site da Epilepsy Foundation, organização beneficente que mantem um forum de ajuda e informação a pacientes epiléticos.
Os hackers invadiram o site e usaram código JavaScript e flashs de animações computadorizadas para provocar enxaquecas e convulsões nos leitores epiléticos.
Após as primeiras denúncias de pacientes e familiares, no domingo de Páscoa, a fundação imediatamente fechou o site, retirou as mensagens e trocou os modelos de segurança.
O incidente está sendo considerado o primeiro ataque via internet para ferir fisicamente usuários.

Ao que tudo indica os ataques começaram no sábado do feriado quando os hackers postaram no site da fundação centenas de mensagens com flashs animados embutidos.
No domingo foram além.
Refinaram o ataque com uma nova tática.
Injetaram JavaScript em alguns posts para redirecionar o browser dos leitores para uma página com imagens mais complexas, desenhadas especificamente para provocar convulsões em pacientes epiléticos.
É que dentro do quadro de epilepsia há pessoas que são sensíveis a determinados padrões de imagens e/ou intensidade de luz e cores.

Uma americana de 33 anos, RyAnne Fultz, foi uma das primeiras vítimas.
Ela tem epilepsia com sensibilidade a determinados padrões de imagens.
Quando clicou numa das mensagens postadas no forum pelos hackers, seu browser foi redirecionado para uma tela cheia que subitamente foi tomada por quadrados que piscavam alucinadamente em cores diferentes.
RyAnne disse que imediatamente começou a sentir os pré-sintomas de um ataque epilético.
Ela não chegou a cair e entrar em convulsão, mas, estava ao telefone, e não conseguiu mais falar ou se mexer.
Sua sorte foi seu filho, de 11 anos, que rapidamente, ao perceber o estado da mãe, correu para socorrê-la e acabou, no processo de ajudá-la, retirando-a da frente do computador.
Todas as pessoas que já relataram algum distúrbio - após clicarem nos posts e serem atingidas pelos flashs - reportaram algum sofrimento, como dor-de-cabeça ou tremores.
Uma paciente, no Maine, teve enxaqueca o dia todo após ficar algum tempo olhando as mensagens para tentar descobrir quem poderia ser o responsável por aquilo.
Na hora ela sentiu uma dor forte, como um prego a perfurar a cabeça, e em seguida entrou em processo de convulsão.
Fazia pelo menos um ano que ela não tinha uma convulsão tão forte quanto a que teve durante o ataque.

Segundo os pacientes que usam o site, algumas evidências sugerem que o ataque pode ter sido feito por um grupo chamado Anonymous.
O mesmo que há pouco tempo abriu guerra contra a Cientologia.
Parece que na primeira leva de posts os hackers fizeram referência ao EBaumsWorld, um site que o Anonymous odeia.
Pacientes do Epilepsy também dizem que encontraram num forum do site 7chan.org - baluarte do Anonymous - mensagens já deletadas planejando o ataque.

Estima-se que no mundo inteiro pelo menos 50 milhões de pessoas sofram de epilepsia.
Destas, pelo menos 3% são fotosensíveis, o que significa que podem sofrer convulsões provocadas por luzes e cores fortes.

Dos primeiros posts no sábado até a Epilepsy Foundation fechar o site no domingo foram 12 horas de terror.
Uma ação vil que nos faz pensar o que realmente significava Admirável em nosso Mundo Novo.
Para ler na íntegra a reportagem, que é da Wired.com, clique aqui

Um comentário:

Anônimo disse...

Esses hackers realmente são um desperdício de inteligência. Estou pasma com essa história.