segunda-feira, 18 de agosto de 2008

I Have No Idea

Para variar o The New York Times fez a melhor matéria do dia com Michael Phelps.
Ao retratar o que foi a primeira segunda-feira do resto da vida do maior atleta olímpico de nossos tempos, o NYT bateu um bolão.
E, pelo que eu li, a segunda-feira não foi exatamente de descanso para Michael.
Dúzias de fotógrafos se acotovelaram em direção ao palco onde ele teve que sentar segunda de manhã para uma sessão de entrevista ping-pong armada por um de seus patrocinadores, a Visa.
Para começar, foram necessários quatro seguranças para escoltá-lo até o seu lugar.
Na primeira fila, a mãezona coruja Debbie.
E Phelps, o que achava da balbúrdia toda ?
Nada.
Só ria.
E quanto mais ele ria, mais a horda de fotógrafos ensandecida se aproximava e fazia click.
Na platéia, pelo que eu entendi, jornalista de tudo quanto é canto do mundo com as perguntas mais estapafúrdias do mundo.
E lá foi o pobre Phelps responder cada coisa que até Deus duvida.
Entre elas, o que ele achava do amor.
Sobre o peso.
A luz seria uma partícula ou uma onda ?
E aí vem a parte que eu mais gosto no Phelps.
O herói grandalhão só respondia,
I have no idea.
Sinceramente ?
Acho que seria o que eu também responderia.
Fala sério.
Phelps é um marco da natação.
Mas é isso.
Por isso, vamos combinar, algumas perguntas são patéticas.
Seguindo a reportagem, vamos descobrindo que só agora ele está começando perceber o tamanho da Michaelmania nos EUA.
Sobre a famosa ligação telefônica que recebeu do Bush ele já tinha contado.
Reiteirou que a parte que ele mais gostou foi quando o Presidente mandou um abraço para a mãe dele, Dona Phelps.
Mas o mais legal de tudo foi saber que nas 24 horas após ganhar a 8a medalha de ouro, Phelps recebeu mais de 4.000 mensagens em seu BlackBerry.
Já pensou ?
E o cara é gente boa.
Adorou e abriu um sorriso para cada uma delas.
Phelps também ouviu falar que Bruce Springsteen, antes de tocar "Born in the U.S.A." num show na Flórida, dedicou a música a ele.
Bem, a essa altura do campeonato todo mundo já sabe que Phelps é fã mesmo é de hip-hop mas tudo bem.
Ele achou legal.
A entrevista durou 36 minutos.
Mas foi o bastante para todos perceberem o quanto ele estava focado nos Jogos e mal sabia o que se passava lá fora.
Literalmente.
Só no domingo foi que ele percebeu que o Cubo D'Água à noite fica iluminado como um caleidoscópio.
I have no idea, disse ele.
O maior nadador de todos os tempos também não viu a mãe.
Só na piscina.
E confessou.
Passou a Olimpíada toda comendo macarrão e pizza quando o que queria mesmo era um cheeseburger.
Claro que a primeira coisa que ele vai fazer quando voltar pra casa é comer tudo que ele está com vontade.
O garoto merece, vai.
Ele também tem à sua espera uma pilha de notícias sobre seu time favorito de futebol americano, o Ravens, da sua cidade natal, Baltimore.
Phelps é fã de carteirinha da N.F.L. e não conseguiu acompanhar nada do time no último mês.
"Mal vejo a hora de começar o campeonato americano, tomara que seja uma boa temporada pro Ravens."
Vai ser Phelps.
Nem que seja só para te agradar.
Afinal, sei lá, se eu fosse jogador e Michael Phelps torcesse pelo meu time, eu ia ter vergonha de perder partida.
O garoto, de 23 anos, está cansado.
Tem dormido apenas 5 horas por dia quando na verdade precisa de muito mais.
Mas é um cara tranquilo.
Diz que tudo bem, está se divertindo.
De Beijing ele viaja para Londres - onde já prometeu estar em 2012 - para fazer uma aparição ligada ao encerramento da Olimpíada domingo.
Depois de passar os últimos 4 anos treinando em Michigan e os últimos dois meses sequestrado com o time olímpico da natação americana ele mal vê a hora de voltar para Baltimore.
É o que o campeão mais quer.
Ao ser perguntado sobre o que vai ser da sua vida pública daqui pra frente, lá veio ele com a minha resposta favorita.
I have no idea.
Para a repórter do NYT ele parece determinado em não se deixar levar pela vida de celebridade.
Mas para tudo na vida há exceção.
Ele admite que adoraria conhecer Michael Jordan e Tiger Woods.
Ele admira os dois porque, no fundo, quer ser como eles.
Daqui pra frente o que ele também mais quer, e é mesmo o que ele tem dito nas entrevistas, é ter o mesmo impacto na natação que Jordan teve no basquete e Tiger no golfe.
Ah, Phelps também adora jogar baralho.
Acha que seria bacana participar do Mundial de Pôquer.
Ele reconhece que seu jogo não anda lá essas coisas.
Mas tudo bem.
"Eu dava uma improvisada."
Isso é que é ser campeão.
O cara não teme nem mesmo um mundial de cartas.
Quando perguntaram quando ele ia fazer uma foto histórica com todas as medalhas no pescoço, como fez Mark Spitz, advinhem o que ele respondeu ?
I have no idea.
É por essas e outras que eu adoro Michael Phelps.
E vou adorar vê-lo na balada com Michael Jordan e Tiger Woods.

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