Neste momento meteorologistas avisam que Gustavo, se não diminuir ou mudar de rumo, irá atingir a Louisiana na terça de manhã.
Em Nova Orleans, as matérias do NYT mostram que se o governo não tiver aprendido, os moradores, pelo menos, aprenderam algumas lições.
O processo de evacuação continua a todo vapor.
Se as coisas não mudarem, a ordem oficial será dada amanhã, às oito da manhã.
Mas o prefeito não se cansa de repetir.
Quem puder que vá para o Norte já.
E já tem gente indo.
Hotéis estão fechando.
Nas ruas ouvem-se as marteladas em janelas sendo reforçadas.
A Interstate 55, a principal rodovia que leva ao norte do estado, já tem tráfego pesado.
Os 17 pontos de coleta de pessoas sem carro estão cheios.
Os ônibus levam os moradores para o terminal ferroviário, no centro da cidade.
De lá eles serão levados em trens e ônibus para cidades mais ao norte, como Shreveport, Alexandria, Monroe e Memphis.
A maioria se lembra vividamente do pesadelo do Katrina.
Carregam malas estufadas, para não passarem o que passaram da outra vez quando tiveram que sair correndo.
A boa notícia é que hoje os ônibus começaram a chegar pontualmente, às oito da manhã.
Um contraste com o caos e a desorganização de três anos atrás quando o único plano foi entupir milhares de pessoas sem carro no Superdome, o estádio.
Os depoimentos coletados pelos três repórteres do NYT na cobertura dão o tom.
Roxanne Clayton, mãe de uma menina de 10 anos, é categórica.
Chegou na fila do ônibus cedo.
Diz que se recusa a passar por aquilo novamente.
No Katrina, Roxanne ficou dois dias acuada no sótão de casa.
Agora diz que prefere se sentir segura do que arrependida.
Porque sabe o que significa se arrepender numa situação dessa.
Um vizinho da Louisiana Avenue, rua mais chique do bairro, levou donuts para quem estava na fila do ônibus.
Um desempregado resumiu o sentimento de todos.
Não vale a pena tentar ficar.
Para quem tem carro, o primeiro obstáculo é abastecer o tanque.
Os postos de gasolina estão lotados.
Assim como as oficinas, onde se consertam e trocam pneus furados.
Nas estradas, já há planos de transformar as pistas em contra-mão em vias extras, principalmente para que quem more mais ao Sul possa partir antes.
Na região de St. Bernard Parish, a ordem é sair agora, a partir das quatro da tarde.
O lugar foi um dos mais atingidos pelo Katrina.
E muitos dos seus moradores jamais retornaram.
Hospitais e asilos estão mandando os internados para o norte desde ontem à noite.
14 mil pessoas já se registraram no programa de evacuação.
150 ônibus já estão em circulação e 300 ônibus escolares serão usados agora à tarde.
A hotline da prefeitura já recebeu mais de 17 mil chamados.
Por incrível que pareça, disse o prefeito numa coletiva, há gente que, traumatizada pelo Katrina, se recuse a sair de casa.
Uma espécie de apatia causada pela fé de que uma desgraça de tal tamanho não se repetirá no mesmo lugar.
Mas estes são minoria.
Uma mulher que, no Katrina, ficou cinco dias numa ponte na estrada, hoje não perdeu tempo.
Foi para a fila do ônibus.
Também há uns turistas que insistem em ficar.
Vão embora.
Foi o que disse o prefeito neste sábado.
sábado, 30 de agosto de 2008
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