O The New York Times deste domingo traz uma reportagem curiosa sobre shows de rock na China.
Mês passado o Yeah Yeah Yeahs reuniu 10 mil fãs numa apresentação.
Há uma semana o Linkin Park esgotou a lotação de um estádio em Shanghai com 25 mil pessoas na platéia.
'Há 1.3 bilhão de pessoas aqui ... como podemos ignorar isso ?', pergunta, na matéria, um executivo da agência mais tradicional de Hollywood, a Williams Morris Agency, que, de olho num mercado tão exuberante, inaugurou em 2004 um escritório local.
Não chega a ser exatamente um paraíso.
Talvez o mercado chinês esteja mais para um invertido oeste no oriente a ser desbravado.
A pirataria de CDs é incomensurável e a infra-estrutura para turnês, mínima.
Também não há mecanismos confiáveis de cobrança de royalties.
Mas, em compensação, a indústria da música pode se esbaldar com dinheiro de shows, merchandising e venda de ringtones para celulares.
Cinco anos atrás um concerto do Kenny G era notícia espetacular por lá.
Esse ano já passaram pela China, entre outros, Beyoncé, Eric Clapton, Nine Inch Nails, Avril Lavigne e Sonic Youth.
O rock chinês, lembra o NYT, ainda tem passado curto.
Apesar de ter florescido no início dos anos 80, voltou ao underground após o Massacre da Paz Celestial, em 89.
Com a chegada da internet, o rock local ganhou nova injeção de ânimo.
Mas as gravadoras multinacionais não se animam muito a investir por lá.
A gravadora do Linkin Park, por exemplo, a Warner, não lançou na China o último CD do grupo.
E mesmo com as recentes turnês do Nine Inch Nails, do Sonic Youth e dos Yeah Yeah Yeahs em solo local, a Universal também não lançou o CD deles no mercado chinês.
As gravadoras dizem que a pirataria torna a medida inútil.
Um estudo mostra que 85% dos CDs vendidos na China são piratas.
E devem ser mesmo porque o empresário do Gnarls Barkley, por exemplo, diz que ficou perplexo ao ver que a música de maior sucesso da dupla, 'Crazy', registrava venda zero na China.
'Era um buraco negro', no mapa de vendas internacionais, conta ele.
Frustrado com a gravadora, a Warner, que botou a culpa na pirataria, o empresário decidiu ele mesmo abrir um escritório local para defender os direitos dos seus artistas.
Nas turnês, vale lembrar, o preço dos ingressos não pode ser muito alto.
Qualquer coisa acima de 6 ou 7 dólares é praticamente proibitiva para a esmagadora maioria dos jovens chineses.
E como se não bastasse, ainda há a censura.
Não há como se apresentar na China sem um encontro inevitável com o Ministério da Cultura e seus censores.
Toda letra num CD e toda música a ser cantada ao vivo em um show tem que ser aprovada pelo governo para que seja emitida a papelada necessária para a liberação de um concerto ou o lançamento de um album.
Sendo que a aprovação pode demorar meses.
Mas, mesmo com todas essas complicações, a China deverá se tornar parada regular nas turnês internacionais.
É como diz o gringo da Williams Morris.
Como ignorar um público de mais de 1 bilhão de pessoas ?
Para ler o artigo do NYT, clique aqui.
domingo, 25 de novembro de 2007
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